Aprendendo Esperar

Este blog foi criado para ser um veiculo de desabafo e registro sobre minha tragetória para alcançar meu sonho de SER MÃE.
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sábado, 5 de abril de 2008

Coluna QUERO SER MÃE por Cláudia Collucci






Amigas, antes de qualquer coisas parem e pensem, leiam com atenção e tirem suas conclusões: Já pararam p/ pensar no depois? eu pensei que já sabia mais lendo esta matéria acho que preciso pensar melhor....




Leitora relata as angústias do pós-parto
Ana nos presenteia hoje com um emocionante relato que deve ser leitura obrigatória para todas as mulheres que desejam ser mães ou que já o são. Obrigada Ana por abrir o seu coração com a gente.
Cláudia, acho que a questão do pós-parto tem mesmo de ser discutida, pois tanto as mulheres que facilmente engravidaram, quanto as que tiveram dificuldade (no meu caso, uma videolaparoscopia para desobstruir as trompas e no mês seguinte a gravidez natural), têm pensamentos e fantasias maravilhosas sobre ser mãe. A maternidade talvez seja a melhor coisa que aconteceu na minha vida, mas teve sim um ônus e te afirmo com todas as letras NÃO FOI FÁCIL. O meu marido já tinha um filho de uma relação esporádica, então era pai, mas não sabia o que era realmente ser pai, afinal nunca morou junto com a mãe do filho dele.
Então, chegou a hora do nascimento da nossa filha, e com ele momentos transformadores e perturbadores... Eu não esperava passar por aquilo, como poderia ser se havia desejado tanto aquele bebê? E o pior de tudo, aquela falta de entendimento sobre o que estava acontecendo comigo, carregando uma tonelada de culpa por não estar feliz era reforçada diariamente pelo meu marido, que me culpava por ter uma filha tão linda e viver chorando.
O processo foi muito doloroso para ambos, pois ele depois de 8 dias (licença-paternidade), vida normal: trabalho, estudo (ele estava fazendo pós-graduação) e até um happy hour para desestressar. Eu, sozinha em casa (minha mãe já faleceu, a empregada não dormia), amamentando o dia todo, EXAUSTA e sem entender o porquê daquela tristeza imensa que me acompanhava todo o tempo.
A chegada de um filho corresponde à chegada de um novo e totalmente diferente estilo de vida _especialmente quando se trata do primogênito. O cotidiano muda radicalmente, no sentido mais literal dessa palavra. A gente se vê diante de um ser que precisa de você 100% do tempo, e que manifesta isso por meio de choro e gritos. Essa é a única comunicação que ele sabe fazer, e não é fácil se adequar a ela. Ver seu filho chorando e não saber o que significa pode ser algo muito angustiante. Além disso, toda a sua vida profissional, social, seu tempo para relaxar, suas manhãs preguiçosas do fim de semana _tudo isso lhe é arrancado bruscamente, de uma hora para outra.
A isso soma-se o delicado processo da amamentação, que é pura doação, um ato de amor. No começo, dói, machuca, assusta. Seu corpo está totalmente diferente _no meu caso, operado numa cesárea. Você fica com os órgãos soltos na barriga, e sangra por, pelo menos, 20 dias seguidos. Dorme pouco e de forma caótica. Isola-se do mundo durante o resguardo. Não bastasse tudo isso, depois de passar pela primeira semana heroicamente, de olhos fechados para todos esses incômodos e novidades, apaixonada pela filhota e seus encantos, vem a tal queda de hormônios. Todas as químicas internas que durante a gravidez estavam nas alturas, caem subitamente dias após o parto. Comigo, foi com uma semana. E veio o blues pós-parto, para não dizer, depressão.
Comecei a sentir desespero, agonia, medos intensos. Ouvir o choro da neném me causava frio na barriga. Nos primeiros dias dessa tristeza eu fingi que nada estava acontecendo, não conseguia admitir para mim mesma que não estava dando conta sozinha. Não queria precisar de ninguém... ficava pensando: "Como assim, como eu não vou dar conta de ser mãe e viver esse sonho que aguardei por tanto tempo?" Aí vem a culpa, a sensação de inadequação, a impressão de fracasso: "Que tipo de mãe sou eu?" Fiquei fritando minha alma com esses pensamentos e questionamentos até que desabei. É químico, físico, não dá para controlar essas sensações. Portanto, não há culpados, julgados e condenados.
Só que no meio dessa caos, além de ter um serzinho frágil, dependendo de mim para tudo, tive um inquisitor apontando o dedo para mim e dizendo que todo mundo tinha filho e não era esse desespero todo (fácil, quando se é apenas expectador). Esse meu desabafo não é para detonar o meu marido, que apesar de seus erros, virou muita madrugada com nossa filha, me levava para dar uma volta quando eu entrava em desespero (pode parecer se contentar com pouco, mas era uma higiene mental). É apenas um alerta para que as futuras mamães se informem de todas as mudanças que vêm com a maternidade, e os futuros papais também... Porque, pelo menos para mim, a situação só começou a melhorar quando eu e o meu marido resolvemos conversar e tentar recomeçar de uma outra perspectiva (nem preciso dizer que diante de tudo que relatei o casamento quase terminou).
Nessa conversa expus a minha fragilidade diante daquele mundo novo que se apresentava para mim e percebi que ele, apesar de já ser pai, não tinha a menor noção do papel do MARIDO nessa nova etapa. De propósito coloquei MARIDO em destaque, porque ele sabia toda técnica, dava banho, trocava fralda, colocava a neném para dormir... Mas nem desconfiava do que estava se passando comigo, e diante de uma criação machista onde o homem é o provedor e a mulher cuida do lar (apesar de os dois trabalharem e manterem a casa), ele não tinha parado para pensar que simplesmente eu não estava preparada para abrir mão de uma vida onde eu cuidava apenas de mim e somado a isso o turbilhão de emoções que a queda hormonal causa na mulher.
Então, com o passar do tempo a nossa filha foi nos ensinando talvez a melhor lição que podíamos aprender: DOAÇÃO. Eu deixava de ser a mulher independente, realizada na profissão e cheia de conquistas e passava a admitir a minha fragilidade e construir uma relação de aprendizado e afeição com a minha filha. Meu marido, aos poucos vem abandonando a capa de perfeição, com soluções prontas para todos os problemas, pois um bebê coloca à prova qualquer pseudo "sabe-tudo". Ele então entendeu que a tarefa de cuidar de um ser, passar valores, ter uma dose altíssima de paciência, disponibilidade e DOAÇÃO, é aprendida a cada dia e só a convivência, as doencinhas da primeira infância, as madrugadas insones, o cinema cancelado porque o bebê está vomitando ensinam isso ao casal.
Saldo do meu relato, o nascimento de um bebê gera uma mudança absurda na vida de um casal sem filhos, mas com diálogo, paciência e boa dose de tolerância de ambas as partes a relação se fortalece. A gente enxerga que para o conjunto funcionar temos que dar o melhor que podemos, isso significa também um cineminha a dois, uma conversa com os amigos, para que o tempo dedicado ao filho seja de intensa e profunda qualidade. E assim continuamos a nossa caminhada, errando, acertando; mas principalmente nos permitindo aprender.

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